24 de mai. de 2011
Espirro uma gema ametista!
Na noite que desacompanho:
Sou cobre, sou chumbo; estanho.
Estranho sentimento morto
com cheiro de fezes e arroto
em todo silêncio que sinto:
O ferro, o silício, o zinco.
Finjo que não vejo nada...
Saliente, dança a madrugada
pequena, sem consideração:
Nem ouro, nem prata: latão.
Então fujo do oriente médio.
Geólogo errante e ébrio
à mesa sem pernas que como:
Com níquel, titânio ou cromo.
Tomo nas mãos metal líquido,
que trago como soro antiofídico,
e recolho minh’alma insônio:
De mercúrio, alumínio e zircônio.
18 de mai. de 2011
(Para Douglas Mattos)
Meus terceiros sonhos da noite
Sempre foram regados a drogas e violência
Uma sensação de poder e impunidade que me toma
Podendo matar e estuprar sem culpas cristãs nem burguesas.
Ao despertar por completo do açoite
De meus oníricos festins à grandiloqüência
Sob a ducha fria e calculista que então me doma
Devo me masturbar carinhosamente como atrizes francesas.
Mas quando caio de meu mundo napoleônico
Percebo que sou orgânico demais
E não biônico!
Engulo atravessado comprimindo os meus ais
Da falha do meu projeto faraônico:
Ser mais capaz...
3 de mai. de 2011
quando prendo o ar inquieto,
é certeza que inspiro versos.
preciso da dúvida perdida
entre os presos incisos da vida...
quando solto o ar obscuro,
telúrico predador expiro;
busco a certeza perdida
pelos soltos caninos da vida...
pretendo ser eloquente.
ser presa entre teus dentes,
e dentre os dentes mantê-la à míngua.
da vida não quero nada,
só tê-la em mim quedada.
quem sabe assim mastigue tua língua;?
Dificilmente mudaremos nossas vidas
Mesmo que vidas se mudem de nós
Inventamos tantas regras pré-escritas
Que tais normas nunca nos deixam sós
Poucas vezes sonhei em ser liberto
Do cativeiro que me deixou apaziguado
Tentei dormir mas me queriam tão desperto
Que despertei e assim no mundo fui lançado
Não preciso reviver os meus conceitos
Necessito dos conceitos me livrar
Nunca tive conteúdo sem defeitos
Tenho efeito em fazer-te delirar