8 de nov. de 2018

Os limites da nossa finitude
Nos traz o tolo medo da solidão
O resultado infeliz dessa equação
É viver uma vida sem plenitude

Os anseios de nossa incompletude
Nos dão angustia e receio do porvir
É que o futuro só pertence ao existir
E sem essência não há passado que perdure

Por isso peço Luíse: Luze! e lume
Que teu luzir será sempre uma alegria
Iluminando meu habitat de fantasia
Em tua luz desmancharei meu azedume

19 de out. de 2018

Eu perco o interesse
muito rapidamente
por todas as coisas,
mas nunca me senti
desgovernado
por isso.
Talvez esse seja o meu (des)governo,
minha autocracia catártica,
minha monocracia anárquica.


O mundo inteiro despencando
em gravidade zero,
e meu ouvido interno
em pleno equilíbrio.


O planeta está entrando numa eutanásia ou num suicídio?


Confesso que perdi mais do que venci,
sem me importar muito
e sem nenhuma insistência;
mas meu desinteresse não é pessimismo
nem impotência…
É, talvez, por que saiba,
que também a tragédia
nos eleva à existência.

19 de set. de 2018


Amada Amiga linda,
Amálgama da minha vida,
Clara como claro é o verão;
Clareias meu inverno-coração.

Alumias a cor do dia.
Prateias a voz da noite.
Pranteias a dor do açoite.
Alvejas a foz sadia.

Amiga, linda e amada,
Desça em mim a madrugada
Pois já causei tantas pelejas.

Mas digo, Amiga linda,
Toda vida ainda que finda
É tua onde quer que estejas.

5 de set. de 2018

Já me apaixonei
Por bruxas e fadas,
Por reis e gnomos,
Por pastos e vacas,
Por Tabas, Quilombos...

O segredo é saber na paixão se perder!

Já amei o cangaço
E as almas de aço
Que forjaram o sertão.
Amei cristos e budas
E sereias classudas
Que me deram atenção.

O segredo é saber da paixão se vencer!

Adorei
Plantas em vasos,
Pássaros em gaiolas,
Peixes em aquários,
Animais em jaulas.

Amei pérolas perfeitas perdidas de imperfeições;
Hermes, Paracelso, Avicena e alquimistas ladrões.

E o segredo é saber a paixão esquecer!

5 de jul. de 2018


Palavra é espada!
Debate é combate!

Diálogo,
Pode ser treino:
Honrado e disciplinado.

Monólogo,
Pode ser denso:
Virulento e condenado.
Toda rusga é uma desinteligência,
Saber evitá-la é questão de ciência.

Na infância produzimos mitos.
Na juventude nos tornamos poetas.
Na vida adulta: lógica e filosofias;
E em decadência, prosaicos asseclas...
Tem sangue no barro e todo sangue é de ferro;

Do ato ao pó que desate o nó e desabafe em berro.



Tem sangue no asfalto, sanguinolento e sanguinóleo;

O sangue da terra é o breu – betume que vem do petróleo.

22 de jun. de 2018


Ser poeta é maior do que códigos genéticos!

A poesia tem mais química do que ácidos nucleicos!

É saber amar o café

Sem o papo furado dos baristas doutores.

É ter lábia pra ficar de pé

Enquanto os santos caem de seus andores.



Ser poeta-mágico é tentar ser melhor que o equilibrista...

Ser poeta-trágico é esperar sempre o pior do motorista...

Somos cômicos-dicotômicos,

Então choramos-sorrindo;

E mesmo depois de bem mais que moças,

Continuamos parindo.

22 de mai. de 2018


As casas são como vidas paradas dentro de si...
Nelas a embriaguês é pecado. Tudo é só,
tudo é isso; isso não é o que procuro.
O que procuro não é nada: simples,
morto, complexo, vivo. Sou vítima de mim,
Sofro impiedosamente todo mal que sofri.
Por que sou ímpio? Não sei das punhaladas sem encanto!
Sei porque sofri todos os enganos do mundo...
Fugindo e perseguindo a verdade ando e não canto 
de canto em canto
pois a cada canto e todo dia em casa todo ele é falho 
e em nenhum deles há poemas.

Salvo:

Saco meus argumentos contra mim
e deles retiro o que não quero ouvir;
mesmo que eles e elas não saibam,
a embriaguês é meu pecado: dela
volto para dentro de mim,
onde a vida é parada pois já não sei se estou em casa ...