25 de abr. de 2017




Fiz um não mourão voltado
Da sala do vão do quarto
Sentado no chão com a mala
Escuto o óleo a fritar
O cheiro dali exala
Minha boca baba e cala
Tempera moscas no ar
No agir e no sofisma
Dessa vida decidida
A viver de causa nobre
Não levanto e não me move
Tenho medo e tenho sono
De poeta e de sonso
E de tudo que comove
Quando antes dei por mim
Duvidei que fosse eu
Vi estrelas em meus dedos
Todo encanto dos brinquedos
Guardei tudo sem segredos
Que pensei que era remédio
Pras agruras do meu tédio
Dei carreira e fiz golaço
Era ferro ou era aço
A puxada de uma perna
Fez da tarde uma guerra
E eu filósofo menino
Faço a barba e tiro o cinto
Pra melhor dormir deitado
Isso é não mourão voltado
Isso é não volta mourão.