25 de abr. de 2012



 Para Guerra Junqueiro

Na última prece que fiz
Tentando acudir minha alma
Aliviar meu tormento matriz
Deixar minha passagem mais calma


Ouvi a voz de um profeta
Falando junto a mim mesmo
Profetizou minha vida poeta
Cantou com meu nome a esmo


Disse: nem preste muita atenção
Aqui, o que canto, já sabes
Ninguém ouvirá tua oração
Destino, tu mesmo o fazes


(e continuou a voz do tal santo...)


Ah, Henrique Viana Brandão,
Começo esta tua canção
Aquecendo o frio do teu peito.
De que te serve, das fêmeas, o leito?
Se do teu dique, Henrique vão,
Já não transborda nem vinho, nem pão?
Relembra que tu és poeta!
Dinheiro não é tua meta!
Moleque Viana Brandão...


Replique, Henrique Viana,
A quem tu pensas que engana?
Não vês que não tendes trabalho
Porque tu em tu mesmo é atrapalho?
Tua cabeça é um turbilhão!
Tua arte é como um facão
Que corta a vazão da certeza!
Teu antenome é nobreza,
Cacique Viana Brandão...


Brandão Viana Henrique,
Por mais que você multiplique
A chama do amor pelo mundo,
Às vezes haverá o absurdo
De seres tratado vilão.
Suplique, não enrique o ladrão,
Pois em tua jornada cigana
Amaste alguém que não ama;
Coração Viana Brandão...


(e continuava cantando o tal santo-profeta...)


Depois disso adormeci
Com imagens em meus sonhos
Da vidinha que vivi
E das vidas que disponho.