21 de mai. de 2013



De manhã cedo calço minhas botas
E caminho por sobre o sol de minha solidão.
A toda hora penso
No quão seria mais prazeroso caminhar
Se meus pés não doessem tanto.
O estado reflexivo ativado pela dor dos meus pés
Em meu córtex cerebral
Faz lembrar que mereço tudo isto.
Prometo a mim mesmo que amanhã
Acordarei tarde da noite
Calçarei minhas botas
E caminharei por sobre a lua de minha solitude.
Queria também poder nadar
Em horários alternativos
Com um tal peixinho
Que tanto me completa
E que agora
Ficou um pouco distante de minha solidão e de minha solitude;
Mas não tenho nadadeiras:
Só essas velhas e confortáveis botinhas ortopédicas
Para diurnas ou noturnas caminhadas reflexivas.

8 de mai. de 2013

SAM


(Saudades, meu Doctor Pulga)

Brincava eu, tão absorto, em minha infância
Buscava germes, um larva migrans, adormecido
Queria espaço, dançavam astros, sentia ânsia
Na minha derme, o corpo externo, fez mais sentido

Sentia muito a tua falta e tua querência
Sabia eu que te amava e que eras meu
E a coceira, então me davas, era presença
Canídeo lindo, filho do lúpus, és androceu

E tua estrada que surgia em minha pele
De tatuagem blindou minha epiderme
Quase querendo atropelar a circulação

Sei que morreste atropelado e então te digo
Que teu destino foi meu maior castigo
E sinto imensa falta tua, querido Cão.