22 de fev. de 2013



Um carnaval de pessoas passou por aqui:
Brindaram meu corpo.
Blindaram meu pênis.
Fumaram minh’alma.
Filmaram meus dentes.

Uma horda de meninas bem resolvidas:
Éguas no cio
Do espaço do meu quarto...
Águas do rio
Do tempo no meu braço...

Tenho (e vejo) as digitais por toda casa:
Mesmo lavando as paredes;
Trocando o lençol manchado;
E agora dormindo em redes
Ou pelo chão imaculado;

Sei que preciso de toda longitude:
No sono fico distante.
O sonho é reforço interno.
Desperto sou caminhante,
Caminho pra longe do inferno.

Que um madrigal de gente venha me consolar:
Tão boba quanto correta,
Sonsa e desregrada
Na medida mais certa;
E sem tanta ruindade que é pra não azedar!


1 de fev. de 2013


Novamente encontro com a danada
Dessa vez doeu mais e mais doeu
Reencontro minha vida tão ingrata
Que a tragédia em mim é coisa inata
No meu mancado esse fardo sucedeu

A idade bem supera os acidentes
A cidade mal-me-quer ao seu sabor
Já não sinto nem na boca os meus dentes
Ao meu leito essas moscas como crentes
Do meu hálito vem aspirar todo fedor

Um relógio quebrado é meu destino
Mancando marca o tempo a parar
Espero ancorar este malsino
Espero não ter mais que esperar